As freqüentes mudanças da sociedade baseiam-se num ciclo, onde o indivíduo se modifica e consequentemente, modifica a sociedade e vice-versa. Essa constante mutação está gerando um novo perfil de ser humano : os seres multivíduos¹.
Através do ciberespaço², esses novos seres conseguem comprimir as barreiras geograficas e interagir com as mais diversas culturas. Essa exposição à inúmeras influências modifica a identidade do ser humano e estabelece uma maior relação com a sociedade capitalista e consumista atual.
É por esse motivo que essa multividualidade, de certa forma, fragiliza as relações pessoais, que, devido a alienação trazida pelo consumismo, são trocadas pelas relações industriais.
Neste momento podemos perceber o tamanho da influência que a comunicação, com as suas mais diversas formas de linguagem, exerce sobre o ser humano. Através de informações e publicidades veiculadas nos mais variados suportes de comunicação, estabelesse-se uma relação de persuasão, que faz com que as pessoas, além das necessidades naturais, comecem a ter necesidades fabricadas por determinadas marcas e produtos. As mídias foram responsáveis pelo processo de relativa unificação do campo do consumo, por meio da difusão das mercadorias consideradas consensualmente como objetos de desejo.
A publicidade é um dos fatores mais importantes na determinação do comportamento dos indivíduos quanto ao consumo. A todo tempo ela ‘induz’ as necessidades e apresenta a ideia de que a realização do ser humano se dá quando ele adquire o produto que ‘ necessita’.
Uma das principais mensagens veiculadas pelos meios de comunicação é a da associação entre consumo e felicidade. Desenvolve-se assim a sociedade edonista, que prioriza a busca pelo prazer. A idéia de que através da aquisição de determinados produtos as pessoas conseguirão ser felizes é bastante incentivada e adotada por nossa sociedade. Se o consumo é assim compreendido, deve gerar nos consumidores sensações de felicidade. Porém, outros sentimentos são dispertados através dessas mensagens. Os sentimentos de frustração por não ter (decepção) ou ter em demasia (tédio), de inveja e ressentimento dos que têm (rancor),
O discurso e prática existente, mesmo que as vezes intrínseco, na nossa sociedade é o de que a valorização das pessoas seja medida através dos bens materiais que elas podem ter acesso. É interessante observar que ao invés de valorizar o indivíduo pelo que ele é, passa-se a dar mais importância ao que ele tem e ao que ele pode oferecer materialmente. Trata-se de um ajuste ideológico da cultura popular, através das mídias, à realidade de maturação das relações industriais e de consumo.
É essa realidade que forma os seres multivíduos, previlegiados por terem acesso aos mais diversos meios e culturas, mas desfavorecidos por fazerem do consumo o elemento principal de suas vidas.
¹Multivíduos - um ser com várias culturas e uma personalidade ampla
²Ciberespaço - abstração dos dados do mundo físico para o virtual.