Quem sou eu

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Eu tenho uma ideia formada sobre quase tudo. Mas me permito mudá-la. Afinal, como dizia Raul, "eu prefiro ser essa metamorfose âmbulante ♪". Tenho muitos sonhos. Eu busco, da minha maneira, ser um pouco melhor a cada dia. Valorizo demais a minha família. Tenho os MELHORES amigos do mundo. Gosto de desafios, de riscos. É como se eu tivesse necessidade de sempre provar pra mim mesma o quão forte eu posso ser. Gosto muito das palavras, mas valorizo muito mais as ações. Música. MUITA música. Adoro dançar. Acredito em Deus. Sou uma pessoa abençoada. Sou à favor da liberdade de expressão. AMO cinema, teatro, coral, concertos, fotografias e afins. ARTE. Sou apaixonada pelo Jornalismo. A não-obrigatoriedade do diploma NÃO me assusta. Se você for mesmo BOM, sempre terá vez. Sou persistente. Inteligência me fascina. Gosto de gente que sabe o que quer. Gosto de ser surpreendida. Busco sempre o melhor nas pessoas. Adoro escrever. Leio muito. Confio em mim. Quero conhecer o MUNDO. Acho que o amor é um sentimento revolucionário. Não gosto de promessas. Não sei se o pra sempre existe. Por isso faço o possível pra que todos os momentos sejam bons e valham uma boa lembrança.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Nem por você, nem por ninguém, eu me desfaço dos meus planos...

4h27min. Domingo. Devido ao imenso calor, eu rolava na cama e não conseguia dormir.Desisti. Liguei o ventilador na velocidade máxima, bem no meu rosto e decidi esperar o sono chegar ou a minha cabeça começar a doer por causa daquele jato de vento que vinha sobre mim.
Ter insônia não é tão ruim, ainda mais quando o outro dia é livre de afazeres. Todas as vezes que isso acontece eu me permito imaginar. Fico viajando nos meus pensamentos. Construo altos planos, penso em algumas coisas que precisam ser mudadas, relembro momentos e pessoas (talvez essa seja a parte ruim)...e assim, sem perceber, o sono chega.
Era isso que eu fazia naquela noite, mas o vibrar do celular me troxe de volta ao mundo físico.
Era uma amiga, desesperada por que o namorado havia pedido um tempo. Ela chorava e dizia que nada mais tinha sentido, que ela não era nada sem ele...efim, todos aqueles lamentos que ao meu ver, apesar da dor que ela sentia, não tinham fundamento.
Fiz o possível para consolá-la e fazer com que ela se acalmasse. Depois de quase 40 minutos de conversa, desliguei o telefone, pousei a cabeça no travesseiro e comecei a pensar.
O que faz uma pessoa condicionar sua vida a outra assim, a ponto de nada mais ter sentido quando ela se afasta? Tudo bem, realmente é difícil quando você ama e perde a pessoa, mas, e o resto ? E os projetos profissionais, a vontade de conhecer lugares e pessoas, a vontade de crescer ? Será que o amor anula tudo isso ? Bom, se for assim, eu não quero amar.
Na verdade, o maior problema é que alguém nos fez acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Mas isso não é verdade. Já nascemos inteiros e ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se tivermos uma boa companhia, só é mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”, duas pessoas pensando igual, agindo igual...mas isso tem nome: anulação. Só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que a única fórmula para ser feliz é encontrar outra pessoa que nos “complete”, mas ninguém falou que essas fórmulas nem sempre dão certo, frustram as pessoas, são alienantes...
Existem muitas outras alternativas...mas isso ninguém vai nos contar. Teremos que descobrir sozinhos.

“ E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.” (John Lennon)


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A história do maluco

- Em homenagem ao meu pai, que gostou muito do texto e disse que, ao lê-lo, lembrou-se do eterno Raul Seixas.

Bartolomeu ou Boquina, ou “Filósofo”, como queira, era um espertalhão, mas não furtava, não batia carteira, não vendia falsos bilhetes premiados, não enganava velhinhos. Sua especialidade era ganhar o pão de cada dia dos espertos sem trabalhar, na conversa. Tinha uma alma de criança. Era de um bom humor invejável, um palhaço ambulante. Fazia piada de tudo, até dele mesmo. Dava risada da sua estupidez.
O jeito de se vestir,andar, viver, era diferente. Era um miserável, não tinha riquezas, jóias, carros, celulares, nem casa para morar, mas tinha o que muitos procuravam: uma mente livre. Bartolomeu fez junto com seu companheiro de estrada, Barnabé, quando ainda eram adolescentes, uma música chamada “ Louco genial” . Fizeram dela um tema de suas vidas. Cantavam-na na saída dos teatros, escolas, reuniões de executivos, enfim, em todos os lugares, em especial quando os “normais” da sociedade olhavam para eles com desprezo.

Você acorda, levanta, reclama e faz tudo igual
Luta para ser aceito, notado e sair no jornal
Corre atrás do vento como uma máquina imortal
Morre sem curtir a vida e jura ser uma pessoa normal

Olha para mim e me diz com ironia social
Eis aí um maluco, um sujeito anormal
Sim, mas não vivo como você em liberdade condicional
Sou o que sou, uma mente livre, um louco genial.


Bartolomeu era um mestre em maluquices. Amava os adolescentes, chamava-os de “grandes cérebros”. Mas cutucava os mauricinhos que gostavam de torrar a grana dos pais sem nenhum sentimento de culpa, os fissurados em produtos de marca. Tirava o sarro neles cantando a sua música. Era um maltrapilho livre, não tinha nada, mas tinha tudo.
Uma coisa era incontestável: de baixa autoestima jamais morreria. Apesar de sua imensa pobreza, tinha doses elevadas de alegria. Era um herói diante da miséria social existentes nas imensas cidades. Foi esmagado pela vida, mas sobreviveu.
Gostava de perturbar os intelectuais. Achava que a maioria deles era pessimista, fechada, melancólica. Para ele, os intelectuais deveriam ser como Einstein, meio músico, meio palhaço, meio “louco”.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Histórias de Rodoviária – Parte I

Segunda-feira, 8h30min. Depois de um final de semana de festa e família, eu me encontrava em uma rodoviária, comprando a passagem pra voltar à rotina. Normal. Apesar de eu não ir para casa todos os finais de semana, eu repito essa cena com uma certa frequência. Mas aquele dia reservava algo peculiar.
Nunca gostei de esperar e confesso que o intervalo de uma hora que eu tenho que ficar na rodoviária para pegar o ônibus que me leva ao meu destino tem testado a minha paciência. Isso só acontece porque minha família mora (e eu também morava até pouco tempo) em uma cidade bonita, mas pequena, que não tem se quer uma linha de ônibus direta à Passo Fundo.
Ossos do ofício.Paciência.Um dia terei um carro.
A única coisa boa de se perder uma hora na rodoviária é a possibilidade de observar as pessoas que passam por ali. Gente chegando, gente indo.Pais abraçando filhos que estão de partida. Netos levando avós para comprar a passagem. Aquele beijo longo dos namorados que se despedem e já anseiam pelo próximo encontro...será que essas pessoas se dão conta que talvez seja a última vez que se veem ? Não sei. Enfim, abstrai.
As vezes, estando nesse ambiente, eu me sinto em outra dimensão. Como se eu fosse invisível...como se eu não fizesse parte daquele todo e pudesse apenas observar, sem interferir.
Nesse dia, em especial, fui acordada do meu “sonho” por uma canção brega. Daquelas que o meu avô ouvia quando era jovem. Um senhor, com ares de indigente, passava por aí e cantava. Em alto e bom som, para quem quisesse ouvir (e quem não quisesse também). Quando olhei para ele, me lembrei, de súbito, do “Vendedor de Sonhos”, do Augusto Cury (em dois volumes, um dos melhores livros que eu já li).
Com a mão em uma orelha, ele tinha a pose de um cantor. E cantava bem, no ritmo e tudo mais. Cantando, ele percorreu algumas vezes toda a extensão da rodoviária. De repente ele parou, como se tivesse visto, ou quem sabe sentido algo. Abaixou os olhos para seu relógio de pulso e depois, olhando fixamente para o céu disse : - São 8h42min e ainda não aconteceu nada! Como? Como isso é possível? Estou no aguardo e lhe peço ansiosamente que venha!
Dito isso, voltou a cantar.
Havia algo de estranho nos olhos dele. Algo como uma súplica. E ele falou com tanta certeza de que estava sendo ouvido, que por um momento eu senti que todos olhavam para ele, não mais como um indigente beirando a loucura, mas como alguém que sabe de alguma coisa importante.
Todos esperavam por mais palavras. Mas ele não fez isso. Seguiu cantando apenas.
Confesso que me impressionei com a cena. Parecia mesmo que ele conversava com alguém. As pessoas que estavam por perto, timidamente e tentando disfarçar, olhavam para o céu para ver se tinha alguém ou alguma coisa por lá. Mas não tinha nada visível à nós.Apenas ele podia ver.
Senti uma vontade gigantesca de conversar com o senhor cantor. Coisas de Jornalista, eu acho. Queria saber, mesmo que fosse loucura dele, com quem ele falava, quem ele era.
Como se lesse meu pensamento, ele parou do meu lado. Parou de cantar e me olhou. Pensei em arriscar algumas palavras, mas o ônibus chegou.
E pela primeira vez uma hora de espera na rodoviária passou rápido demais. E eu deixei para trás uma conversa que renderia muitas histórias, tenho certeza.